Não existe nada mais fora de moda, bizarro ou inatual do que a poesia em um mundo dominado por deuses midiáticos, carne sempre nova na área, máquinas perfeitas de beleza, em suas performances de gozo cada vez mais espetaculares. Mas, por outro ângulo, não existe nada mais vital, essencial e atual do que a poesia em um mundo como esse, pois ela é capaz de revelar as singularidades, fragilidades e precariedades de nossa condição de mortais. “Quem roubou, por favor, devolva a alma ao homem”, brada a poeta paulistana Hilda Hilst. O Radcal, em parceria com a Coordenação de DST/Aids do Ministério da Saúde, está publicando mais uma edição especial sobre a arte de viver e de se cuidar. Um dos caminhos para assumir as diferenças, reaprender a delicadeza e recuperar (ou inventar) uma alma pode ser a poesia. Ela é um dos canais mais fortes para uma verdadeira arte erótica.
Severino Francisco, editor da 26ª edição do Jornal Radcal