A adolescência é a fase mais marcante da vida de uma pessoa. É uma idade de novos aprendizados e experiências, na qual o jovem merece muita atenção e acolhimento em todos os ambientes. Para que vivencie suas descobertas de maneira saudável e produtiva, a aceitação de sua identidade é crucial dentro da escola, instituição na qual ele passa a maior parte de seus dias e constrói suas relações interpessoais. Infelizmente, essa não é a realidade dos adolescentes LGBT brasileiros, já que, segundo a Pesquisa Nacional Sobre o Ambiente Escolar no Brasil 2016, realizada pela Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transexuais (ABGLT), mais de 60% dos secundaristas LGBT, em todo o Brasil, sentem-se inseguros na escola por conta de sua orientação sexual, e, mais de 40%, por conta de sua identidade e/ou expressão de gênero.
Além disso, menos de 15% dos adolescentes evidenciarem, ao responderem o questionário, a existência de normas acerca de discriminação LGBTfóbica em suas escolas, enquanto quase 70% alegaram já terem sido vítimas de discursos preconceituosos em relação a suas orientações sexuais e/ou identidades de gênero por seus professores. Um dos pilares que sustenta toda a violência motivada por gênero e sexualidade no ambiente escolar é a falta de informação compartilhada tanto por alunos, quanto por professores e funcionários.
Atualmente, no país, grande parte da organização de militância LGBT está concentrada nas universidades, o que dificulta o engajamento e a união dos adolescentes dessa comunidade, os quais se encontram no ensino fundamental e médio. Levando em conta todos esses fatores, a Rede Nacional de Adolescentes LGBT, apoiada pela UNICEF, foi criada. Hoje ela com trinta e dois jovens das mais variadas orientações sexuais, identidades de gênero e raciais, que foram mapeados em todas as regiões do país.
Manifesto Da Rede Nacional de Adolescentes LGBT
Nós somos lideranças adolescentes espalhados por todo o Brasil pautando o combate à LGBTfobia e a construção de uma escola verdadeiramente aberta à diversidade sexual e de gênero.
Nossa ação política se dá a partir da interseccionalidade e do respeito às vivências, identidades e realidade de todos os sujeitos que carregam marcadores sociais de gênero, sexualidade, classe, raça e território.
Nosso objetivo é estimular a consciência política em outros/as adolescentes, empoderar as minorias e influenciar políticas públicas de nosso país.
Lutamos por justiça social e equidade e acreditamos na educação como grande força emancipadora!
POR UMA ESCOLA INCLUSIVA E LIBERTÁRIA JÁ!
Glossário LGBT
Para facilitar sua compreensão acerca da população LGBT e sua luta, a Rede montou um glossário, contendo alguns de nossos termos mais básicos e mais importantes:
- IDENTIDADE DE GÊNERO: é a forma como cada pessoa percebe e reconhece seu próprio gênero. É pessoal e subjetivo.
- ORIENTAÇÃO SEXUAL/AFETIVA: diz respeito a quem a pessoa se sente atraída afetiva e/ou sexualmente.
- EXPRESSÃO DE GÊNERO: é a forma como cada pessoa expressa sua identidade de gênero, por meio de posturas, estética, vestimentas, acessórios, etc.
- PESSOA CISGÊNERO: é a pessoa cuja identidade de gênero corresponde ao gênero que recebeu ao nascer.
- PESSOA TRANS: é a pessoa cuja identidade de gênero é diferente do gênero que recebeu ao nascer.
- CISNORMATIVIDADE: imposição cultural que molda a cisgeneridade como única alternativa natural para a identidade de gênero de um indivíduo.
- HETERONORMATIVIDADE: imposição cultural que molda a heterossexualidade como única alternativa natural para a orientação sexual de um indivíduo.
- ORIENTAÇÃO SEXUAL OU SEXUALIDADE: definição do indivíduo a partir do(s) gênero(s) pelo(s) qual/quais ele se atrai. Exemplos: homossexual; bissexual.
- IDENTIDADE DE GÊNERO: gênero com o qual o indivíduo se identifica, a partir de sua experiência individual, podendo ser, ou não, o que lhe foi designado ao nascer. No primeiro caso, a pessoa é denominada cisgênero, mas, caso contrário, ela é denominada transgênero. Transgêneros podem se identificar com os gêneros binários ou não.
- GÊNEROS NÃO BINÁRIOS: os gêneros binários são o feminino e o masculino. Se a identidade de gênero do indivíduo foge a esses dois, ela é não binária.
- LGBTFOBIA: opressão estrutural que atinge toda a comunidade LGBT, excluindo-a e marginalizando-a socialmente.
- HOMOFOBIA: atualmente, o termo refere-se, dentro da LGBTfobia, à repulsa e discriminação a homens homossexuais.
- LESBOFOBIA: como as mulheres lésbicas sofrem, junto à homofobia, o machismo, usa-se o termo lesbofobia para referir-se à repulsa e discriminação voltada a elas.
- BIFOBIA: repulsa e discriminação a pessoas não monossexuais, ou seja, pessoas que se atraem por mais de um gênero.
- TRANSFOBIA: repulsa e discriminação a pessoas transgênero.
VALE CONFERIR: O Canal das Bee. Um canal no Youtube contra o preconceito, contra a transfobia, a bifobia, a lesbofobia, o machismo.
A Rede Nacional de Adolescentes LGBT é parceira e colaboradora da 30ª edição do Radcal.